ALGORITMI: Inovação e sustentabilidade ao serviço do conhecimento Entrevista a José Manuel Machado
Centro ALGORITMI desenvolve projetos focados na inovação e sustentabilidade em áreas como Inteligência Artificial e Ciência de Dados em múltiplos setores de atividade como saúde, mobilidade ou smart cities, sempre na vanguarda do conhecimento e tecnologia.
José Manuel Machado, Diretor do Centro ALGORITMI apresenta os mais recentes projetos em que investigadores do centro estão envolvidos em soluções de futuro.
Quais os projetos que o Centro ALGORITMI têm no âmbito das Smart Cities?
Está em curso atualmente um projeto coordenado por mim e intitulado “Soluções Integradas e Inovadoras para o bem-estar das pessoas nos centros urbanos complexos”.
Este projeto tem como principal objetivo estudar e projetar uma plataforma inovadora com capacidades analíticas e preditivas.
A plataforma poderá dar resposta e ser integrada em diferentes vertentes do que é atualmente considerada uma “smart city” e poderá ser utilizada como um sistema inteligente de apoio à decisão. Uma das suas principais características é a capacidade de integrar, em tempo real, dados de diferentes fontes e com diferentes formatos. Adicionalmente, através de técnicas avançadas de análise e processamento de dados e de técnicas avançadas de visualização da informação e algoritmos de inteligência artificial proporcionará aos decisores a capacidade de alavancar projetos de sustentabilidade energética e social.
Em que áreas ou setores se destaca este projeto?
Este projeto em curso permitiu o desenvolvimento de parcerias com as principais câmaras da região do Minho onde o ALGORITMI tem a sua sede e a sua principal área de intervenção.
É nesta região que se pretende levar em frente o projeto. As principais áreas de atuação são a sustentabilidade energética e social e o “crowdsensing”.
O “crowdsensing” é uma atividade em que um grupo de pessoas com dispositivos móveis detetam, partilham e processam dados.Esses dados refletem informação, da qual é possível extrair conhecimento, que potencia o bem-estar comum dos intervenientes.
Como o ALGORITMI, tanto neste projeto como na sua atividade, desenvolve o trabalho em parceria com outras entidades, como, por exemplo, centros internacionais ou o setor empresarial?
A plataforma em desenvolvimento será capaz de armazenar e processar um número considerável de dados, de forma a gerar conhecimento útil para o processo de tomada de decisão inteligente.
É verdade que estamos dependentes do processo de aquisição de dados.
O ALGORITMI centra a sua atividade em projetos que exploram uma forte ligação com a comunidade, nomeadamente, a indústria e a administração pública.
A Universidade do Minho situa-se numa região com uma expressão importante no campo emergente das empresas de serviços de tecnologia da informação, impulsionada pela era dos e-fenómenos.
O LASI é um laboratório de referência em Inteligência Artificial (IA) e Ciência de Dados (CD) em Portugal que pretende criar inovação sustentável e inclusiva para a nossa sociedade.
A área industrial do automóvel também conquistou recentemente uma importante fatia do mercado regional. Outro fator externo que influencia o nosso campo de aplicação alvo é o crescimento das cidades da região, que introduz diversas exigências de cooperação de investigadores, nomeadamente na área da logística, comunicação, governo eletrónico, saúde e gestão de recursos. Do ponto de vista da internacionalização, o ALGORITMI tem contactos privilegiados com centros de investigação do mundo inteiro.
Em relação à IA, que projetos estão em desenvolvimento?
No ALGORITMI trabalhamos em IA há mais de trinta anos, nas áreas dos sistemas inteligentes, na engenharia dos dados e do conhecimento, e na Robótica. O aumento do poder computacional e da capacidade de armazenamento dos dados foram essenciais para tornar a IA atrativa para as empresas e para a administração pública.
Pelo outro lado, estamos presentes em projetos ligados às fábricas do futuro, assim como à condução autónoma. Estivemos nos últimos 3 anos envolvidos na definição de conteúdos ao nível europeu na área da IA para a criação de novas competências na indústria automóvel do futuro, muito dependente da IA em geral e da aprendizagem automática (ML e DL) em particular. Também temos vários projetos a decorrer na aplicação da IA para a resolução de problemas na área da Saúde.
Quais os novos modelos ou projetos que o Centro ALGORITMI gostaria de vir a desenvolver?
A Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) aprovou a atribuição do estatuto e financiamento ao Laboratório Associado de Sistemas Inteligentes (LASI), liderado pelo Centro ALGORITMI, com a coordenação do Professor Paulo Novais, reconhecendo assim o mérito à equipa de investigação que junta o Centro ALGORITMI, o Instituto de Polímeros e Compósitos e 11 unidades de investigação do País (2Ai, CISTER, GECAD, LIACC, CMUP, IEETA, TEMA, CISUC, CIBIT, UNIDEMI e CTS).
As unidades que integram o LASI são unidades de referência em Portugal nas áreas das Ciências da Computação, dos Sistemas de Informação, da Eletrónica, dos Materiais, da Engenharia e Gestão Industrial e da Engenharia Biomédica, das Universidades do Minho, Porto, Aveiro, Coimbra e Nova de Lisboa, assim como, os Institutos Politécnicos do Cávado e Ave, e do Porto. O LASI é um laboratório de referência em Inteligência Artificial (IA) e Ciência de Dados (CD) em Portugal que pretende criar inovação sustentável e inclusiva para a nossa sociedade, melhorando aplicações, materiais e produtos, e utilizando tecnologias avançadas de sistemas inteligentes, proporcionando elevados níveis de precisão, desempenho e adaptação ao longo do tempo.
O LASI permitirá, portanto, novos modelos de negócio e processos na indústria do futuro, serviços e comunidade, assim como melhorar a forma como interagimos com tudo ao nosso redor. O LASI irá permitir o desenvolvimento de projetos multidisciplinares com o envolvimento dos melhores cientistas portugueses em IA e CD.
O LASI está preparado para o desafio de criar e aplicar sistemas inteligentes para as Indústrias (inovadoras e sustentáveis), a Saúde (e bem-estar), a Administração Pública (governo eletrónico), a sociedade (interligada) e as cidades (principalmente ao nível da energia, da ecologia e da mobilidade).
E como o LASI desenvolve as suas parcerias e implementação dos projetos que desenvolve?
O LASI será coordenado a partir de Guimarães e é o único laboratório de referência nacional focado nos Sistemas Inteligentes e nas suas aplicações em prol do nosso país e do seu progresso sustentável, integrando cerca de 540 investigadores.
O LASI será uma referência na aplicação da IA e da CD nos vários desafios societais que integram o seu programa. Cinco linhas temáticas de investigação interdisciplinar fazem o foco do LASI: Indústrias inovadoras e sustentáveis, com forte foco na indústria 5.0; Cidades Inteligentes, Mobilidade e Energia; Saúde e Bem-estar seguindo o foco na Saúde 5.0; Infraestruturas e Sociedade Altamente Conectada, com forte foco na Sociedade 5.0; Administração Pública e Governança. O LASI tem a visão de fazer avançar o conhecimento de excelência e de ponta em IA e CD para apoiar a nossa sociedade, Portugal e os portugueses num caminho inovador, sustentável e suportado pelas melhores práticas éticas no e para século XXI.
Estivemos nos últimos 3 anos envolvidos na definição de conteúdos ao nível europeu na área da IA para a criação de novas competências na indústria automóvel do futuro.
Como investigador, quais as principais caraterísticas que os projetos integrados nas Smarts Cities devem possuir?
Em primeiro lugar, as cidades têm de ter a capacidade de capturar dados através de sensores, por exemplo vídeo e áudio. Os dados devem ser anonimizados de forma a proteger a privacidade. O processo não é apenas um processo de digitalização urbana, mas uma inteligência que promove a eficiência, a sustentabilidade, o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas. Para isso, é necessário desenvolver primeiro técnicas avançadas de visualização de informação e depois uma aprendizagem automática que permita transformar os dados em conhecimento.
@Nascer do Sol | Perspetiva Atual, 05 março’22